20 de outubro de 2010

Foles do Momento

Tenho pensado e refletido, muito, sobre os rumos que tenho dado à minha vida. Sempre soube que escolhas fariam parte da minha trajetória, mas acho que nunca tinha pensado nas perdas que essas escolhas acarretariam, ao longo do meu caminho.

Em meio a tantas reflexões, descobri que minha vida tem quatro foles no momento. Como diria a minha escritora preferida, Clarice Lispector, “Tô morando, trabalhando, estudando e amando. Esses são os quatro foles da minha vida, no momento...”

Fole Morar: parece tão simples e óbvio, mas não é. Tenho morado mais dentro de mim do que na minha própria casa. Convivo com pessoas importantíssimas no meu lar, mas enquanto eu não me descobrir, de verdade, serei eu morando comigo mesma. Sinto falta de morar na sala com meu irmão, jogando baralho ou corrigindo tarefas; sinto falta de deitar no colo de minha mãe, seja por carência ou por necessidade; sinto falta de assistir futebol com meu pai e dizer que estava impedido aquele gol do time dele, só para ele me ensinar mais uma vez o que é impedimento. Tenho sentido falta de sentar na minha varanda e ver o sol nascer, pela manhã, e se pôr, pela tarde.



Fole Trabalhar: esse tem deixado a desejar. Em meio aquelas escolhas que citei, anteriormente, o trabalho faz-se presente. Nunca gostei de ser mandada, nem de mandar. Gosto do trabalho coletivo, do trabalho que todos ganham. Acho que, por isso, tenho optado em trabalhar a favor daqueles que me fazem e me querem bem. Mesmo que eles nem saibam disso. Aquele stress de escritório, sala de aula, hospital, tribunal... Não me pertence. Quero o stress do trabalho que dá correr atrás dos meus sonhos.


Fole estudar: tem sido o meu preferido, e isso deve-se ao fato de que estudar tem me feito esquecer o quanto sou infeliz nos outros foles. Ocupa a cabeça, desenvolve o nosso lado intelectual e pode ser um grande aliado para o meu futuro. Sinto-me profundamente realizada com a profissão que escolhi. Cada vez mais, tenho a certeza de que não existe nada mais puro que um sorriso e um sentimento de uma criança. Mas sei também que estudar tem servido para mascarar as minhas grandes angústias.


Fole Amar: esse tem sido difícil. Acho que no fundo nunca fui uma grande sábia sobre o amor. Todos, ou melhor dizendo, os poucos relacionamentos que tive foram frustrados e deixaram mágoas que ainda atormentam, ainda mais quando tento começar de novo. Esse lance de amor dos contos de fada não me pega mais; quero vindas e idas, encontros, desencontros e reencontros. Quero ser feliz ao lado do cara imperfeito para os outros, mas perfeito para mim, independente da cor, cidade, time de futebol ou religião. Quero poder necessitar de um abraço e ter esse abraço; quero poder sentir saudade e saber que também faço falta; quero poder sonhar e ter alguém do meu lado para sonhar comigo.



Olhando o texto, agora, percebo que mais desabafei do que escrevi. Mas espero que o desabafo sirva para você também, que agora o lê.

Acredite nas suas escolhas, mesmo se no meio do caminho elas começarem a se tornar absurdas. Sempre há uma chance de começar de novo. E foles estão aí para serem vividos, quantas vezes forem preciso.

A nossa vida é curta, não se arrependa do que já fez, tenha orgulho em dizer: ‘eu vivi a minha vida, não deixei ela passar por mim!’

"É preciso confiar em si mesmo, aconteça o que acontecer!"

Lembram-se do lema? Pois é, voem além do infinito...SEMPRE!





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